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Fast Fashion (ou moda rápida) consiste na produção mais rápida possível de peças (roupas, calçado) semelhantes às das marcas conhecidas, mesmo que a qualidade destas diminua drasticamente e que o impacto ambiental seja enorme.

O conceito de Fast Fashion surgiu em 1990, com a redução do preço da mão de obra e da matéria-prima, mas o tipo de produção que apresenta começou muito antes, após a revolução industrial, quando os processos de produção foram facilitados pelas novas máquinas.

Com a expansão da prática da Fast Fashion, a indústria da moda tornou-se a segunda mais poluente do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera, pois são utilizadas tinturas de baixa qualidade e insolúveis e produtos à base de materiais pesados. Esta produção emite uma grande quantidade de gases tóxicos (400% mais carbono do que peças comuns) e faz com que a quantidade de lixo marítimo e terrestre aumente devido ao elevado descarte das roupas. Esta produção abre, também, caminho para o emprego da mão de obra precária e escrava, para possibilitar os grandes investimentos necessários nas fábricas, sobretudo.

Nesta “moda rápida”, as peças são produzidas em grande quantidade, o que origina, muitas vezes, excesso de stock, e são vendidas a preços mais baixos, o que afeta diretamente a mentalidade do consumidor. Com a Fast Fashion, o consumo aumenta cada vez mais e as roupas, que antes eram algo precioso, agora são algo descartável usado num curto período de tempo já que as tenências mudam constantemente. A Deco Proteste afirma que “a roupa que usamos e descartamos representa uma pegada ecológica de 654 kg por cada cidadão da Europa.”

Depois de tudo isto, pode parecer impossível encontrar um tipo de produção de roupas sustentável, mas, para além de possível, é extremamente necessário para o bem do nosso planeta e para a continuação da indústria da moda.

A Slow Fashion, por exemplo, é um conceito importante dentro da Moda Sustentável. Esta produção utiliza materiais recicláveis e orgânicos e procura valorizar cada etapa do processo de criação, oferecendo, assim, produtos com mais qualidade através de uma produção ecologicamente correta.

O uso de materiais sustentáveis é a principal estratégia para a diminuição do impacto ambiental da indústria da moda. Materiais como o algodão orgânico (cultivado sem qualquer química), o bambu (reproduz-se em abundância, cresce rapidamente e é biodegradável), a juta (idêntica ao linho e o seu plantio não requer qualquer tipo de agrotóxicos) e o tencel – usado nos eco -jeans, que substituem o jeans normal, um dos tecidos mais poluentes, que consome até 3,5 mil litros de água da produção ao descarte.

Algumas outras práticas associadas à Moda sustentável são, por exemplo, a utilização de corantes de origem natural, a utilização de colas menos tóxicas e, principalmente, a economia de água. Para produzir uma camisa de algodão, são necessárias cerca de 2700l de água, o suficiente para alguém se manter hidratado por dois anos e meio.

A quantidade de água necessária para produzir cada unidade é um dos três fatores levados em consideração para avaliar uma cadeia de produção de roupas, bem como a pegada de carbono de cada peça e a quantidade de agrotóxicos utilizados no plantio.

Em Portugal, temos vários exemplos de marcas sustentáveis e ecológicas:     

  • a RSM Slow Living, que produz peças limitadas, evitando o excesso de stock;
  • a Buzine, que produz apenas 20 peças por coleção;
  • a Zouri, que usa os plásticos da costa portuguesa para produzir calçado e a  que, para além de produzir t-shirts 100% de algodão orgânico, também tem ilustrações de artistas convidados, dando a conhecer novos talentos e aumentando as vendas;
  • a Näz, com um design minimalista, inspirado para desenvolver produtos reciclados, sem gerar impacto ambiental;

A indústria da moda pode ser bastante perigosa, como se pode observar na produção Fast Fashion, mas, se seguirmos uma política ecologicamente correta durante a produção, é possível encontrar uma produção sustentável. É claro que há um longo caminho a percorrer, a começar na mudança de mentalidades, pois acredito que o primeiro passo será sempre o do consumidor, ao diminuir a compra de roupas, sobretudo de peças de marcas Fast Fashion.

 

Referências

https://www.digitaletextil.com.br/blog/o-que-e-fast-fashion https://pt.wikipedia.org/wiki/Fast_fashion https://www.ecycle.com.br/fast-fashion https://exame.com/negocios/fast-fashion-moda-ameacar-meio-ambiente https://pt.wikipedia.org/wiki/moda_sustentavel https://www.ecycle.com.br/moda-sustentavel https://www.endesa.pt/particulares/news-endesa/sustentabilidade/slow-fashion-solucao-futuro https://ecox.pt/2021/01/slow-fashion

 

Inês Amaral Rebocho

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